terça-feira, 27 de abril de 2010

Realizado 1o transplante total de face

MADRI— Uma equipe de cirurgiões conduziu o primeiro transplante total de rosto em um jovem fazendeiro espanhol incapaz de respirar ou comer desde que acidentalmente atirou em seu rosto, há 5 anos.

Foi a mais cara operação já realizada, entre os 11 transplantes de rosto conhecidos no mundo.

Durante a cirurgia de 24 horas, médicos ergueram um rosto inteiro, incluindo mandíbula, nariz, bochechas, músculos, dentes e pálpebras, e o colocaram como uma mascara no homem. As informações são do Dr. Joan Pere Barret, que conversou com a AP na sexta feira.

Especialistas em transplante disseram que a cirurgia, realizada no fim de março no Hospital Vall d'Hebron de Barcelona, é um grande avanço.

"É um marco. Eles estão indo além e fico Feliz por eles”, disse Dr. Thomas Romo, chefe de cirurgia facial e reconstrutiva no Lenox Hill Hospital, em Nova York.

O paciente espanhol, que não foi identificado, agora tem um rosto completamente novo da raiz do cabelo à até sua única cicatriz visível, uma linha que parece uma ruga através de seu pescoço – disse Barret, que liderou a equipe médica de 30 pessoas.

O homem ainda não pode falar, comer ou sorrir, mas ele pode ver e engolir saliva, disse o cirurgião. Ele deve começar a comer e a respirar por conta própria dentro de uma semana.

"Se você olhar seu rosto, verá uma pessoa normal”, disse Barret. “Ele se senta, caminha pelo quarto de hospital e assiste TV”.

Antes do transplante, o paciente de 30 anos passou por nove cirurgias e só podia respirar com aparelhos. Ele se alimentava por um tubo. Ele também tinha problemas para falar.

O acidente em 2005, no qual ele se baleou com um revolver, destruiu seu rosto a partir das cavidades oculares – apesar de seus olhos e visão estarem intactos.

Durante a operação de um dia, Barret disse que a equipe cortou a face do doador com a estrutura óssea, músculos e nervos, e a colocou em “uma peça” no paciente.

"Imagine um crânio. É como se, com uma serra, cortássemos tudo a partir da parte de baixo do globo ocular” ele disse. Então “tudo ligado à esta mascara é colocado no paciente”.

"É um pouco como aquele filme do John Travolta e Nicolas Cage," disse o cirurgião, se referindo ao filme 1997, “Face/Off”, no qual o rosto do personagem de Cage é copiado no de Travolta e uma troca de identidade.

Os transplantes de rosto no mundo real ganharam aceitação desde que o primeiro transplante parcial foi feito há quase 5 anos, na França. Os pacientes não se parecem com as pessoas mortas que doaram o rosto.

Já foram realizados 10 transplantes parciais no mundo, incluindo nos Estados Unidos, China e Espanha, mas este é o primeiro transplante total, diz Barret.

A operação espanhola é parecida com um transplante quase total conduzido pela Dra. Maria Siemionow em 2008 em Cleveland, EUA, em uma mulher que também tomou um tiro.

Mas o caso espanhol “parece muito mais complexo”, disse Neil Huband, um porta voz da Equipe de Pesquisa em Transplante Facial do Reino Unido, do Royal Free Hospital em Londres.

Barret não deu detalhes sobre o doador, a não ser que os médicos tentam escolher aqueles de peso, altura e medidas faciais semelhantes, além de tom da pele parecido ao do paciente.

Como é padrão em operações novas, o paciente espanhol passou por testes psiquiátricos para determinar se ele poderia aceitar um rosto novo.

Ainda assim, a rejeição é uma possibilidade sempre que alguém recebe órgãos ou células de outra pessoa, pois o corpo reconhece o material como um tecido estranho. A rejeição, que pode matar, pode aparecer repentinamente, após dias ou semanas da operação – ou mesmo anos depois.

Romo disse que o paciente e os médicos estão eufóricos, mas que o rapaz está apenas começando a se recuperar – e seu corpo pode rejeitar o transplante em até 3 anos.

"Como você prepara psicologicamente um paciente para isso? Acho que é uma preocupação que ninguém lidou ainda”, ele disse.

Diferentemente de operações envolvendo órgãos vitais, como coração e fígado, transplantes de rosto ou de mãos são feitos para melhorar a qualidade de vida – e não estendê-la. Os receptores têm o risco de complicações letais e devem tomar drogas imunossupressoras pelo resto da vida para impedir a rejeição de órgãos. O que aumenta as chances de câncer e outros problemas.

Ainda assim, cirurgiões dizem que os receptores acreditam que o risco vale a pena.

"Com certa, sem dúvida”, disse o Dr. John Barker, diretor de pesquisa em cirurgia plástica da Universidade de Louisville em Kentucky, sobre sua experiência com pacientes que recebem transplantes de mão lá.

Ele disse que pesquisas feitas por sua equipe com mais de 500 pessoas (incluindo facialmente desfiguradas e amputados) dão os mesmos resultados: “Sim, vale a pena. O risco vale o benefício”.


Imagem computadorizada cedida pelo hospital Vall d´Hebron, em Barcelona, mostra como foi feito o transplante

Fonte: Abril Ciência

To precisando de uma dessa

Um comentário:

Alma disse...

Muito bom o post!
Bem completo!
É impressionante um transplante como esse!
Parabéns!
xero.